REDAÇÃO ÉPOCA, COM AGÊNCIA EFE
08/06/2011 - 11:40 - ATUALIZADO EM 08/06/2011 - 11:40
Primeiro ministro Beji Caid Essebsi anunciou o adiamento do pleito, marcado para julho, para permitir que os partidos políticos conseguissem ampliar suas infraestruturas
Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca

Primeiro ministro Beji Caid Essebsi anunciou o adiamento do pleito, marcado para julho, para permitir que os partidos políticos conseguissem ampliar suas infraestruturas
O governo de transição da Tunísia, o primeiro país árabe na história a derrubar um ditador, anunciou, nesta quarta-feira (8), um passo importante no movimento para a democratização do país. As eleições para a formação de uma Assembleia Constituinte, marcadas para o mês que vem, foram adiadas para outubro. A mudança vai dar tempo para que os partidos políticos recém formados reforcem suas estruturas para o pleito.
O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro do governo de transição, Beji Caid Essebsi, após reunião nesta quarta-feira entre os integrantes do Executivo e os dirigentes das forças políticas e dos membros da Comissão Eleitoral. Em 22 de maio, essa comissão, formada por personalidades independentes de prestígio, propôs o adiamento das eleições até outubro, alegando que não havia tempo suficiente para elaborar o censo eleitoral nem para preparação das forças políticas, muitas delas de novos partidos. Assim, as eleições ocorrerão apenas em 23 de outubro.
A decisão fortalece o processo de democratização da Tunísia pois uma eleição em julho poderia desestabilizar o país novamente. Atualmente, os grupos políticos mais fortes na Tunísia são aqueles ligados ao ex-ditador Zine el-Abidine Ben Ali e o Ennahda, o partido religioso que se opunha ao antigo regime. Se qualquer um dos dois grupos ganhasse espaço na Constituinte, a perspectiva de uma democracia se estabelecer na Tunísia diminuiria bastante. "Há partidos que não concordam, e mesmo o governo não concorda, mas nossa missão é ter eleições livres e transparentes", disse Essebsi. Segundo ele, a revolução tunisiana "tem uma reputação que deve proteger".
Em contrapartida, o adiamento da formação de um novo governo deve prolongar o sofrimentos dos tunisianos com as péssimas condições econômicas do país, fato que está na origem do levante contra Ben Ali. Mesmo com o estabelecimento do governo de transição em substituição à ditadura de Ben Ali, os protestos e greves por melhores condições econômicas não acabaram na Tunísia. A queda no turismo e a desconfiança sobre o país fizeram o PIB encolher 7,8% no primeiro trimestre de 2011. E a projeção para o desemprego no fim do ano chega a 20%. Diante deste quadro, Essebsi voltou a pedir o fim das manifestações. "As situações econômica e social não vão permitir rupturas como essas", disse. Resta saber se o governo de transição será capaz de, ao mesmo tempo que tenta constituir um regime democrático, tomar medidas para aplacar os ânimos da população.
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